A epidemia de zika está claramente em regressão no Brasil, afirmou nesta segunda-feira (25) a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma queda provavelmente relacionada com o fim do verão.
"A epidemia está em uma fase descendente no Brasil", afirmou Marie-Paule Kieny, subdiretora-geral da OMS, em coletiva de imprensa em Paris. "O mesmo acontece na Colômbia e Cabo Verde", acrescentou.
No entanto, observou que é impossível no momento saber se haverá uma reativação do vírus no futuro e uma propagação para outras zonas ainda não infectadas, ainda que os cientistas não esperem uma pandemia na Europa este ano.
No Brasil, foram registrados 1,5 milhão de casos de zika e o vírus se estendeu a muitos países da América Latina.
O vírus, que se propagou pelo Brasil, Colômbia e Caribe a partir do final de 2014 por meio do mosquito Aedes aegypti, provoca uma infecção benigna na maioria dos casos.
Mas, contraído durante a gravidez, o zika pode afetar o desenvolvimento do feto e provocar microcefalia.
Também está ligado a problemas neurológicos, tais como a síndrome de Guillain-Barré, que provoca paralisia e até a morte.
De três a quatro milhões de casos de zika são esperados no continente americano.
Por enquanto, apenas alguns casos foram relatados na França e em seis países europeus.
No entanto, um aumento significativo no número de casos poderia ser observado em áreas do mundo ainda não atingidas pela epidemia, advertiu a OMS.
Com a temporada de mosquitos chegando na Europa, "a possibilidade de uma transmissão local combinada com uma provável transmissão sexual poderia se traduzir em um aumento significativo no número de pessoas infectadas com zika e complicações" médicas relacionadas com este vírus, explicou Kieny.
"Uma vez que as temperaturas começam a subir na Europa (com a aproximação do verão), duas espécies de mosquitos Aedes, que são conhecidos por transmitir esse vírus, vão começar a circular", ressaltou.
"Na França, a infecção poderá ser favorecida pela Copa da Europa de futebol", comentou Christian Bréchot, diretor-geral do Instituto Pasteur.
"No momento, o zika continua a ser um fenômeno tropical e subtropical", considerou, por sua vez, a responsável da OMS.
Por sua parte, o professor Jean-François Delfraissy, do Instituto de Pesquisa francês Inserm, considerou que "o risco de uma pandemia na Europa do sul parece baixo" este ano.
A respeito do risco de propagação da doença para a África, disse que por ora não há certezas.
"O vírus, e portanto a epidemia, poderá propagar-se para todos os lugares em que existe o vetor, por isso estamos organizando uma rede de vigilância na África", afirmou.
Quase 600 cientistas participam nesta segunda e terça-feira no Instituto Pasteur de Paris em um simpósio internacional sobre o vírus zika.
Os cientistas se esforçam para tentar compreender o tempo que o vírus pode permanecer no corpo humano, o grau de risco de transmissão sexual, quando a transmissão através do mosquitos era considerada até então o único modo de contaminação.
Eles também se esforçam para melhor identificar as pessoas mais propensos a desenvolver complicações graves.
Não há um tratamento ou vacina contra o vírus zika.
Uma vacina só deverá estar disponível em alguns anos, mas os testes clínicos podem começar até o final deste ano, de acordo com os pesquisadores.
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