No dia 17 de outubro é celebrado o Dia Nacional da Vacinação. A data, criada pelo Ministério da Saúde, busca promover uma reflexão sobre a importância da vacina, já que um grande número de doenças deixaram de ser um problema de saúde pública no Brasil graças as estratégias de vacinação promovidas pelo Programa Nacional de Imunizações, que, este ano, está completando 45 anos.
Doenças como poliomielite, rubéola e o tétano neonatal são alguns exemplos de enfermidades que, com o surgimento das vacinas, desapareceram da nossa história. Mas, infelizmente, o desconhecimento por parte da população da importância da vacinação, pela ausência de muitas dessas doenças e a propagação das chamadas Fake News, notícias falsas que acabam criando um movimento contrário a vacinação, tem criado um cenário de queda na cobertura vacinal no Brasil e acendido alertas sobre risco da reintrodução dessas doenças em todo país, como é o caso do sarampo.
Por isso, com o objetivo de alertar sobre o perigo de não se vacinar, a nova campanha promovida pelo Ministério da Saúde traz o conceito “Porque contra arrependimento não existe vacina”, onde as peças publicitárias mostram casos reais de pessoas que sofrem com as consequências de não terem se vacinado. Confira a campanha aqui.
Neusa Costa é um dos personagens apresentados na campanha de vacinação deste ano. Durante uma epidemia de sarampo que aconteceu no final dos anos 60 na cidade onde vivia , ela perdeu cinco irmãos. “Meus irmãos morreram praticamente no mesmo tempo, eu era muito nova, mas me lembro de muitos caixões na casa e muito sofrimento. Naquela época, eu não entendia realmente o que estava acontecendo, nem tinha ideia da gravidade do sarampo”, lembra.
O trauma das perdas deixou marcas para a vida toda em Neusa, que hoje é uma das maiores incentivadoras da vacinação. “Tenho dois filhos e hoje reconheço mais do que nunca a importância da vacinação. Desde pequenos eu acompanhava todas as campanhas de vacinação, a história carreguei me serviu de exemplo para vida toda. Eu não tive infância, nunca tive brinquedos e toda minha infância foi marcada por essas tragédias. Não desejo isso para eles e nem para ninguém”, explica.
Além disso, ela diz que se sente muito feliz de fazer parte da campanha, que, segundo ela é de utilidade pública, servindo para alertar e salvar outras pessoas. “As pessoas costumam dar o jeitinho brasileiro, deixam as doenças piorarem para depois procurar o médico. Acham que sarampo é uma doença boba e nem procuram saber do que se trata. Os pais precisam vacinar os filhos. É uma questão de saúde pública, não podemos admitir que alguém morra de sarampo nos dias de hoje”, esclarece.
Eliana Zagui, 44 anos, é mais uma das personagens da campanha. Ela foi vítima de poliomielite aos 2 anos de idade e desde então mora no Hospital das Clinicas em São Paulo, paralisada do pescoço para baixo e obrigada a viver em um respirador artificial.
Eliana conta que se emocionou ao assistir o vídeo da campanha, onde é feita uma projeção de tudo que ela poderia viver se não fosse vítima das sequelas da poliomielite. “Eu não imaginava a grandeza da campanha, inclusive no emocional. Eu chorei sozinha assistindo ao vídeo, era como uma projeção do meu interior. É tudo que eu queria de verdade, caminhar, ter uma vida normal”, explica.
Eliana deixa um recado: “Deixo um aviso as gerações de seres humanos em todas as épocas. A você que é pai, mãe, avô, avó, filho ou neto. Quando for dar a vacina ao seu próximo ou em si mesmo, em primeiro lugar lembre da importância da sua vida. Tome a vacina com responsabilidade da consciência de seus atos e lembre que não se vacinar afeta também ao próximo em todos os aspectos”, reflete.
“As pessoas precisam entender que não é a vacina que mata, é a doença. A doença mata e também, em muitos casos, deixa sequelas graves. Não podemos deixar o passado voltar a realidade de hoje”, completa Eliana.
É importante lembrar que, diferente do que muitas pessoas acreditam, o Calendário Nacional de Vacinação não contempla somente as crianças, mas também adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas. Ao todo, são disponibilizadas 19 vacinas para mais de 20 doenças, cuja proteção inicia ainda nos recém-nascidos, podendo se estender por toda a vida.
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