Um bebê que nasceu infectado com o vírus da zika ficou pelo menos 67 dias com o vírus no organismo.
O caso foi descrito em um novo estudo, publicado na tarde desta quarta (24) no prestigioso periódico da área médica "The New England Journal of Medicine".
Os autores, da USP e da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, contam que a mãe, de São Paulo, teve sintomas de zika (como vermelhidão na pele, dor de cabeça, olhos vermelhos, inchaço e dor nas articulações) no terceiro trimestre de gestação.
A provável via de contágio é a sexual, pois o pai havia apresentado sintomas semelhantes três semanas antes da mãe –ele tinha viajado para a Paraíba, onde há uma maior concentração de casos de zika.
Os autores apresentam esse como o possível primeiro caso em que uma mãe foi infectada pela via sexual durante a gestação.
O bebê nasceu com 48 cm, 3,1 kg e circunferência da cabeça de 32,5 cm (um pouco abaixo da média). Externamente, não havia sinais de anormalidades.
No exame radiológico, no entanto, ficou demonstrado que o cérebro havia, sim, sofrido com os efeitos da infecção –houve redução do volume cerebral (e consequente aumento das cavidades cerebrais conhecidas como ventrículos) e focos de calcificação (que marcam lugares onde houve lesões).
Com 54 dias de vida, o bebê foi examinado novamente e foi constatada presença do vírus no sangue, na saliva e na urina. Ainda havia material genético do vírus no sangue no 67º dia de vida.
O prejuízo deixado pela zika no bebê pôde ser aferido no sexto mês de vida –havia um atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, tônus reduzido nos músculos e uma dificuldade de locomoção principalmente do lado direito.
Os exames de sangue foram refeitos no dia 216 (um pouco mais de sete meses após o nascimento) e, apesar de haver anticorpos contra o vírus, o próprio agente infeccioso não podia mais ser detectado.
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