Profissionais da saúde com foco na terceira idade sabem que determinados medicamentos podem trazer riscos que superam os benefícios, principalmente se consumidos nessa fase da vida. Para servir de alerta, a Sociedade Americana de Geriatria (AGS, sigla em inglês) atualizou, na semana passada, a lista chamada de “Stopp-Start”, cujo objetivo é divulgar os remédios que podem ser potencialmente inapropriados para essas pessoas. No Brasil, o Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP) reforçou a medida.
De acordo com a farmacêutica Mariana Gonzaga, membro do conselho do ISMP, os principais medicamentos que preocupam os especialistas são os chamados benzodiazepínicos, de tarja preta, indicados para insônia, ansiedade e casos de espasmos musculares. “Existe o temor de que usar Rivotril, diazepam ou outro benzodiazepínico por muito tempo possa aumentar os riscos de desenvolver demência e Alzheimer”, diz. Mariana ressalta que o uso prolongado é desaconselhado porque esses medicamentos causam efeitos colaterais. É comum quem os usa relatar aumento da sonolência, dificuldade para se concentrar e amnésia temporária.
Motivos. Isso tudo acontece em razão da vulnerabilidade causada naturalmente pelo envelhecimento, afirma o geriatra Fábio Campos Leonel, professor da Faculdade Ipemed e membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). “É um ciclo: quanto mais velho, mais doenças aparecem e mais remédios se toma. O que acaba se agravando devido ao desgaste corporal como a disfunção renal, a diminuição do fluxo sanguíneo e outros fatores que aumentam o efeito adverso à medicação”, explica.
A farmacêutica Mariana é enfática. “A escolha do medicamento apropriado para cada idoso é um passo fundamental na prevenção de eventos adversos nessa faixa etária. Esse processo deve ser meticuloso, pois o uso de alguns medicamentos pode originar mais riscos que benefícios”, alerta.
Nesse caso, os especialistas orientam os pacientes a procurar alternativas que possam evitar o uso de medicamentos ou, ao menos, diminuir a atuação.
Mas ambos os processos devem ser acompanhados por profissionais da saúde. “A melhor saída sempre vai ser a prevenção. O mais indicado é não ter que depender de remédios”, orienta o geriatra.
Cuidado. Prevenção é palavra-chave na vida da empresária Nilceia Medeiros, 52. Ela tem histórico familiar de várias doenças comuns na terceira idade e não quer depender de nenhum tipo de medicamento.
“Minha mãe tem Alzheimer e usa remédio forte. É triste de ver. É por isso que faço de tudo para não ter que usar também. Quero ser uma velhinha conhecida pela boa saúde e pelos projetos realizados”, conta.
Apesar dessas recomendações, 25% dos idosos tomam pelo menos uma medicação potencialmente inapropriada a cada ano, de acordo com dados obtidos por pesquisadores do Instituto Universitário de Geriatria de Montreal (Canadá).
Além disso, embora 70% desses idosos estejam dispostos a parar de tomar esses medicamentos potencialmente inapropriados, os médicos continuam prescrevendo essas drogas. Os resultados foram publicados no “Journal of the American Geriatrics Society”.
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Apesar dessas recomendações, 25% dos idosos tomam pelo menos uma medicação potencialmente inapropriada a cada ano, de acordo com dados obtidos por pesquisadores do Instituto Universitário de Geriatria de Montreal (Canadá).
Além disso, embora 70% desses idosos estejam dispostos a parar de tomar esses medicamentos potencialmente inapropriados, os médicos continuam prescrevendo essas drogas. Os resultados foram publicados no “Journal of the American Geriatrics Society”.
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