Diante da antecipação do surto de gripe H1N1 identificada em São Paulo, o Ministério da Saúde vai permitir a antecipação da vacinação contra a doença.
Ao contrário do que ocorria em outros anos, Estados interessados poderão começar a imunizar grupos considerados mais vulneráveis antes da campanha nacional, que terá início em 30 de abril. Assim que o imunizante começar a chegar nos Estados, a vacinação já poderá ser feita, a critério de cada governo.
Em São Paulo, o primeiro lote está previsto para ser liberado nesta sexta-feira - nos demais Estados, a partir de segunda. Cada administração deverá divulgar o calendário que adotará. A estratégia em parte atende a um pedido feito ontem pelo governo de São Paulo.
Nos primeiros três meses deste ano, o número de casos registrados de H1N1 já superou o que foi relatado em todo o país entre janeiro e dezembro de 2015. "Foi uma surpresa o surto nesta dimensão. E sobretudo o período", afirmou o coordenador do Controle de Doenças da Secretaria da Saúde de São Paulo, Marcos Boulos.
Mas os pacientes que receberam o imunizante deverão ainda, em data a ser definida pelo governo, receber o produto mais atual. O imunizante contra a gripe tem sua composição alterada todos os anos. Ele é feito com base em uma combinação de cepas do vírus da gripe que mais circularam durante o inverno no Hemisfério Norte.
Colateral
A antecipação traz um efeito colateral: os efeitos do imunizante se estendem pelo período de um ano. Isso significa que, quanto mais cedo a vacina for usada, mais cedo a pessoa se tornará suscetível.
"Temos consciência disso. Mas temos uma fogueira queimando. O incêndio tem de ser apagado agora", disse Boulos.
A vacina contra a gripe é produzida pelo Instituto Butantã, em São Paulo. De acordo com o Ministério da Saúde, essa é a razão para o governo paulista receber o imunizante antes de outros Estados.
No caso do restante do país, o produto é enviado para Brasília, que se encarrega de fazer a distribuição.
Ao todo, serão seis remessas do imunizante. As primeiras três deverão ser feitas entre os dias 1º e 15 de abril. Nesse período, serão distribuídos 25 milhões de doses, o equivalente a 48% de toda a demanda. São Paulo vai receber neste período 5,7 milhões.
Boulos afirmou que a prioridade na vacinação será dada para grupos de risco na Grande São Paulo - ou seja, para idosos, pessoas com doenças pulmonares ou problemas cardíacos e gestantes.
O Ministério da Saúde julga indispensável manter a campanha, que todos os anos tem potencial para atingir grande parcela do público-alvo.
Casos
A Região Sudeste concentra a maior parte dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave por H1N1 do País, com 266 registros. Desses, 260 estão no Estado de São Paulo, que relata 38 dos 46 óbitos.
Santa Catarina está em segundo lugar entre os Estados com mais casos, totalizando 14. Na sequência, vem a Bahia com 10 registros. Além de São Paulo, outros cinco Estados tiveram óbitos: Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Ceará. (Colaboraram Paula Felix e José Maria Tomazela)
Minas não vai antecipar vacinação contra H1N1
Com seis casos de Influenza registrados neste ano, três deles de H1N1, com duas mortes, Minas não irá aderir à vacinação antecipada, segundo nota enviada pela assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Saúde (SES). "Minas Gerais, até o momento, apresenta um quadro dentro do esperado para a sazonalidade da Influenza. Contudo, Minas enviou um alerta epidemiológico para as unidades de saúde, com o objetivo de informar e sensibilizar os profissionais da assistência (Unidades Básicas de Saúde), bem como das demais portas de acesso dos serviços de saúde sobre o período de sazonalidade da Influenza".
Nas três primeiras remessas de vacinas (até 15 de abril), os Estados receberão 25,6 milhões de doses, que correspondem a 48% do total a ser enviado para a campanha deste ano. Desse montante, serão entregues 5,7 milhões de doses para São Paulo.
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