O avanço de doenças relacionadas ao Aedes aegypti em Minas Gerais coloca em alerta pessoas comuns, a iniciativa privada e entidades de classe unidas em ações distintas para combater os focos do mosquito. No estado, já são 37.737 casos prováveis de dengue, com duas mortes confirmadas somente neste ano, além de 50 casos de febre zika, 114 de febre chikungunya e 19 de microcefalia em investigação, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Em BH, profissionais do mercado imobiliário, da construção civil e alunos de 6 a 14 anos são os primeiros a atuar como agentes voluntários em suas comunidades e contribuir efetivamente para o combate ao Aedes e, por consequência, às doenças. Ontem, o prefeito de Juiz de Fora, na Zona da Mata, Bruno Siqueira, confirmou o segundo caso de zika em grávidas na cidade. Entretanto, as duas ocorrências ainda não constam no balanço oficial da SES.
A partir deste mês, corretores, vistoriadores e outros profissionais ligados à Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG) passam a colaborar com a inspeção de cerca de 50 mil imóveis disponíveis para venda ou locação, que, por estarem fechados, apresentam grande risco de criadouros. Segundo dados da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), 80% dos focos do mosquito são encontrados dentro dos domicílios.
A iniciativa firmada em acordo com a Secretaria Municipal de Saúde e Coordenadoria de Defesa Civil vai incentivar os corretores a entrar nos imóveis, durante as visitas, com olhar voltado para os locais onde possam estar os focos. Entre eles, ralos, piscinas, vasos sanitários, calhas e vasinhos de planta.
A campanha, segundo a vice-presidente da CMI/Secovi, Cássia Ximenes, não tem prazo para ser finalizada. “Queremos agregar mais pessoas e trabalhar enquanto durar o problema”, garante. A intenção é também inspirar novas atitudes na iniciativa privada. “Vamos contagiando outras empresas e criando uma rede de combate ao mosquito. O ideal é que outras organizações se unam por meio de suas entidades de classe para que consigamos resultados mais efetivos”, afirma. A expectativa é de que 500 empresas do setor imobiliário, além do Secovi-MG, que tem atuação estadual, participem das ações.
Já o Grupo EPO, da área da construção civil, tem realizado ações de combate ao mosquito da dengue nos canteiros de obras no Vale do Sereno, em Nova Lima, na Grande BH, e na Região Oeste da capital mineira. Na Região Nordeste de BH, onde está uma das maiores obras da construtora, os colaboradores participam de mutirões para recolher recipientes e materiais que acumulam água. Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), intervenções educativas, treinamentos e vistorias nos canteiros de obra estão sendo realizadas com objetivo de identificar possíveis focos do mosquito.
O diretor comercial da D-Filippo Netimóveis, José de Filippo, já aderiu à campanha e, além da vistoria, providenciou adesivos que são colados nas áreas comuns dos prédios com dicas preventivas. Para ele, a incidência de casos de dengue entre pessoas próximas e familiares faz com que todos fiquem mais sensíveis a esse tipo de trabalho. “Temos um papel importante em função de termos acesso aos imóveis fechados”, diz. Na imobiliária comandada por ele, há pelos 950 imóveis fechados e que passarão por vistorias. Durante as inspeções, caso seja identificada uma situação de perigo, a Secretaria Municipal de Saúde e a Defesa Civil poderão ser acionadas.
Segundo o coronel Alexandre Lucas, coordenador da Defesa Civil, os imóveis fechados são um dos maiores problemas para o poder público e, com a formação de novos “agentes”, será possível alcançar resultados positivos.
DEVER DE CASA Já na rede pública de ensino, alunos do ensino fundamental, de unidades municipais de educação infantil (Umeis) e creches conveniadas à PBH, vão receber, a partir da próxima semana, a missão de vistoriar semanalmente suas próprias casas. No início das aulas, marcado para o dia 11, cerca de 200 mil alunos vão receber um check-list com situações que devem ser observadas no cotidiano. Cuidados com o lixo e o quintal estão entre as prioridades. A atividade funcionará como um “para casa”, que será devolvido e analisado pelos professores. Feitos os relatórios, a coordenadora do programa Saúde na Escola, Ludmila Skrepchuk, explica que serão realizados debates em sala. “Esperamos que eles sejam multiplicadores em suas famílias e comunidades no sentido proativo de provocar uma atitude neste momento de epidemia”, comenta.
Hoje, segundo o coronel Alexandre Lucas, uma reunião deve provocar o início de uma iniciativa parecida nas escolas da rede privada. Na rede estadual de ensino, os diretores atuam na conscientização das comunidades e os alunos são considerados "agentes multiplicadores". (EM)
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