Foi dada a largada à corrida pelas vacinas contra a dengue em Belo Horizonte. Os primeiros lotes chegaram à capital no início desta semana e os laboratórios correm para dar conta da procura. Em alguns estabelecimentos já há lista de espera e até mutirão para atender à demanda.
(FOTO: Valéria Marques)
Enquete feita no Portal Hoje em Dia mostra que 84% das pessoas não estão dispostas a pagar pela vacina
O Hoje em Dia entrou em contato com onze unidades de imunização de BH. Oito montaram um planejamento para aplicar as três doses necessárias. A maioria começa a disponibilizar a proteção na próxima semana. Apenas no Vacinas BH já é possível comprar o imunizante.
Segundo o responsável técnico do Vacinas BH, Pythagoras Moraes, 25 frascos foram adquiridos, antecipadamente, com uma distribuidora. Outras doses foram encomendadas à fabricante francesa Sanofi Pasteur, mas só chegam amanhã. “Vamos fazer um mutirão no sábado, das 8h às 11h”, diz.
Ele lembra que cada frasco pode ser usado para imunizar cinco pessoas e, após aberto, precisa ser administrado em no máximo seis horas. O consultório está montando grupos de quem deseja se imunizar: na tarde de ontem, cinco já tinham sido formados e duas pessoas esperavam pelo fechamento do sexto.
No bolso
O preço só da vacina foi definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e pode variar entre R$ 132,76 e R$ 138,53, dependendo da alíquota do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) cobrado nos estados. O valor final da dose, porém, leva em conta custos como porcentagem do distribuidor, aplicação e armazenamento do produto, dentre outros. No Vacinas BH custará R$ 280. Mesmo valor a ser cobrado pelo Hermes Pardini, que tinha previsão de começar hoje a oferecer o serviço. Já na Drogaria Araujo, será R$ 235. A aplicação pode ser feita em três lojas da rede aos sábados. É necessário agendamento prévio.
À procura
A universitária Letícia Fontes, de 23 anos, está atrás da proteção desde o início do ano. “Soube dessa vacina assim que começou o surto no país. Minha família sofreu bastante. Minha avó, de 80 anos, ficou doente e foi muito sério. Minhas tias e primos também contraíram dengue”, relata Letícia, que criticou os valores cobrados na rede privada.
Mesma reclamação da cuidadora de idosos Vilma de Moura Guedes, de 43 anos. Ela aguardava ansiosa pela chegada da imunização para os três filhos, mas agora está com dúvidas diante do preço. “Essa vacina está muito cara e parece que é destinada a quem tem dinheiro e condições para pagar”, desabafa.
Denuncia abusos
Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o consumidor deve pedir a discriminação do preço cobrado pela vacina e pelos serviços prestados na nota fiscal. Caso a dose custe mais que o teto estabelecido, a pessoa pode prestar denúncia. É necessário enviar uma cópia do documento para cmed@anvisa.gov.br. O estabelecimento fica sujeito a sanções, como multa de até R$ 8,9 milhões.
Proteção tem eficácia só após a aplicação das três doses
Estudos feitos mostram que a proteção da vacina é de 93% contra casos graves da doença, redução de 80% das internações e eficácia global de cerca de 60% contra todos os tipos do vírus. A imunização é recomendada para quem tem entre 9 e 45 anos. Para crianças e adultos fora desta faixa etária, o risco de complicações mais sérias ainda não foi determinado, além de faltar dados suficientes para garantir a segurança da vacina.
Não podem receber a dose quem faz uso de antibióticos, corticoides ou esteja com febre. O intervalo entre as três aplicações é de seis meses. Efeitos colaterais não estão descartados. Podem ocorrer febre, dores de cabeça e muscular, mal-estar. No local da injeção há possibilidade de vermelhidão, hematoma, inchaço e coceira.
Outras reações, porém mais raras, são endurecimento no local da injeção, doença semelhante à gripe, dor nas articulações, náusea, tosse, nariz escorrendo, tontura e enxaqueca.
A vacina começa a fazer efeito a partir da primeira dose, no entanto, a eficácia só foi demonstrada após a aplicação das três doses.
Para o infectologista e professor da UFMG Unaí Tupinambás, apesar do preço, vacinar-se agora pode ser um bom investimento. “A preocupação é naturalmente maior por conta do surto no início de 2016. Muitos moradores de Belo Horizonte tiveram dengue ou viram algum parente com ela. Como a epidemia acontece em ondas, é possível que a doença atinja uma menor quantidade de pessoas no próximo verão por conta da vacina”.
*Com agências
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